Same Unaí: campanha pré-carnaval estimula uso de preservativos para conter avanço do HIV

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A campanha de uso de preservativos – com o mote "Pare, pense e use (camisinha)" visa atingir o principal alvo de contaminação pelo vírus HIV em 2018: o público masculino. Isso porque as estatísticas do governo federal apontam que os homens são 73% dos novos casos de HIV positivo registrados no Brasil no último ano. E os números assinalados em Unaí  no ano de 2018 vão nessa mesma direção: dos 53 novos casos de HIV positivo surgidos no ano passado, 39 são homens. A faixa etária geral mais atingida é dos 15 aos 39 anos, com maior predomínio dos 19 aos 24. E, na maior parte dos casos (7 em cada 10 contaminados pelo vírus da aids), homens que fazem sexo com outros homens.

 

Desde que começaram a ser registrados pelo Programa Municipal de Doenças Sexualmente-Transmissíveis e Aids, os números de infectados pelo HIV em Unaí vêm subindo a cada ano. Em 2009, primeiro ano de registro de infectados, Unaí assinalou 8 casos positivos para HIV (5 homens e 3 mulheres). No último levantamento, relativo a 2018, os registros apontam 39 homens e 14 mulheres com o HIV positivo. Em casos registrados no Serviço de Atendimento Médico Especializado de Unaí, sempre houve prevalência de número de homens infectados em relação às mulheres.

 

O maior equilíbrio entre homens e mulheres infectados – e registrados no Same Unaí – se deu em 2014, quando foram assinalados 20 casos de HIV positivo (11 homens e 9 mulheres). Em 2017 e 2018, porém, a diferença se acentuou em direção aos homens. Dos 43 casos positivos registrados em 2017, 37 foram homens. Em 2018, os casos positivos entre homens praticamente se manteve (ainda que alto), mas uma grande variação também foi registrada entre as mulheres, 14 casos positivos, o maior da série histórica desde que começaram os registros.

 

Preservativo

 

A resistência ao uso do preservativo (principalmente pelos homens), aliada ao conceito de que ninguém mais morre com Aids e à falta de sintomas aparentes do portador do vírus HIV tornam o controle da contaminação mais difícil.

 

"Homens ou mulheres com vírus HIV (muitos não sabem que são portadores do vírus) trabalham, estudam, vão à academia, às festas, baladas, levam vida saudável. Não apresentam nenhum sintoma aparente. Alguns são estudantes de faculdades, bem informados, sabem da importância de se usar camisinha, mas não usam". Esse é o desenho da situação (preocupante) apresentada pela psicóloga do Programa Municipal de DST/Aids da Prefeitura de Unaí, Viviane Borges Kazmirczak, integrante da equipe do Serviço de Atendimento Médico Especializado (Same).

 

Para a psicóloga, a camisinha ainda é a forma mais eficaz de prevenção contra o HIV, a mais comum e de mais fácil acesso, inclusive com retirada gratuita em unidades de saúde pública. "Não tem desculpa para não usar", ela adverte. Viviane não aceita o pretexto utilizado por alguns homens que comparam o uso de camisinha durante a relação sexual a chupar bala com papel. Além de proteger contra o vírus da aids, a camisinha protege contra outras doenças sexualmente-transmissíveis, hepatite B e HPV.

 

Viviane rejeita alegações como "chupar bala com papel" como comparativo ao uso da camisinha, ao explicar que tudo faz parte da construção dos hábitos e costumes. "Se eu começo a usar óculos, por exemplo, no início é tudo muito difícil. Quando acostumo, não consigo ficar sem os óculos. Usar preservativo é do mesmo jeito. No início é desconfortável, mas quando se passa a usar frequentemente, acaba incorporado à vida do indivíduo e ele não vai mais fazer relação sexual sem o preservativo".

 

Há preservativos masculinos e femininos, de tamanhos variados, e com a possibilidade de uso de gel para reduzir desconfortos. "Quem faz o uso certinho do preservativo e tem consciência do que está fazendo acaba se habituando e levando esse costume para a vida. É a forma mais eficiente de se proteger contra doenças de origem viral, além de bacteriana e fúngica no órgão genital".

 

Estima-se que, no Brasil, 866 mil pessoas vivam com o HIV. No entanto, são registrados oficialmente 694 mil casos positivos. Profissionais de saúde acreditam que 25% de pessoas que portam o vírus ainda não tiveram diagnóstico ou não foram notificadas. Muitos indícios revelados em questionários apontam que, mesmo em Unaí, há um número considerável de pessoas que estão em situação de risco ou carregam o vírus da aids, não sabem disso, e podem estar espalhando para outras, por meio da relação sexual desprotegida. A realidade é brasileira. Unaí não é diferente.

 

Teste rápido

 

Só há uma maneira de a pessoa ficar sabendo se carrega o vírus HIV: fazendo o teste. A testagem rápida deve ser feita no Same ou no PSF de referência da pessoa. Enfermeiras dos PSFs foram treinadas para procedimentos pré e pós-testagem. No Same, o teste de HIV é feito (com todo o sigilo) mediante marcação por telefone (3677-5056). O teste é marcado, no máximo, para a semana seguinte. Sem demora.

 

Casos positivos (que precisam ser confirmados em duas testagens diferentes) devem ser encaminhados para o Same, onde o paciente terá à disposição atendimento médico, psicológico e farmacêutico. Tudo é feito de maneira sigilosa. Desde 2006, quando o programa foi criado, o Same vem acompanhando 342 pacientes (homens e mulheres) com HIV. Hoje, são 205. "Alguns mudaram de cidade, outros abandonaram o tratamento e alguns morreram", justifica Viviane.

 

O Same funciona na Avenida Governador Valadares, 2.356, bairro Divineia. O telefone é o 3677-5056.

 

Série histórica

 

Evolução do quadro dos casos de HIV positivo registrados no Same desde 2009:


2009: 8 casos (5 homens e 3 mulheres)
2010: 17 casos (11 homens e 6 mulheres)
2011: 28 casos (18 homens e 10 mulheres)
2012: 18 casos (13 homens e 5 mulheres)
2013: 19 casos (12 homens e 7 mulheres)
2014: 20 casos (11 homens e 9 mulheres)
2015: 35 casos (24 homens e 11 mulheres)
2016: 37 casos (24 homens e 13 mulheres)
2017: 43 casos (37 homens e 6 mulheres)
2018: 53 casos (39 homens e 14 mulheres)

 

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