Horta Social – Projeto nasceu de uma necessidade: “os meninos estão comendo os tomatinhos do viveiro”

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Na sexta-feira, 14 de maio, foi "inaugurada" a Horta Social da Prefeitura de Unaí, projeto que vem sendo desenvolvido desde o ano passado. A horta ocupa uma área de 20m x 40m no Viveiro Municipal (ligado à Secretaria de Meio Ambiente), tem por objetivo central atender jovens em cumprimento de medidas socioeducativas (liberdade assistida) e produzir hortaliças para famílias de baixa renda atendidas pelos Centros de Referência de Assistência Social de Unaí (Cras), órgão da Secretaria Municipal de desenvolvimento Social e Cidadania (Semdesc).

 

As sementeiras de suporte para plantio de acelga, pimentão, repolho, alface, pimenta, cebolinha e salsa estão com produção bem adiantada. Cenoura e beterraba foram plantadas diretamente nos canteiros. Mandioca e batata doce, que também estão sendo cultivadas em área da Prefeitura, farão parte da "cesta de alimentos" a ser doada às famílias.

 

NECESSIDADE ALIMENTAR

 

A Horta Social nasceu de uma iniciativa da Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, depois de a secretária Cátia Regina Rocha e o diretor do Viveiro Municipal, Láercio Caixeta, perceberem que adolescentes que já cumpriam pena alternativa no viveiro, plantando sementes, poderiam estar passando por alguma necessidade alimentar e dificuldades em casa. "Eles comiam todo o tomatinho que dava no viveiro. Não tinha sal que chegava", lembra Cátia.

 

Ela recorda que procurou a Semdesc para conhecer melhor a situação dos indivíduos em cumprimento de pena, se eram de famílias de baixa renda, se tinham o que comer em casa, e foi surpreendida com o que descobriu. "Descobrimos que muitos meninos realmente passavam por privações e que havia famílias assistidas pelos Cras que também tinham carência de alimentos". Com isso, surgiu a proposta da Horta Social, logo discutida com a Semdesc.

 

A partir daí, foi firmado o acordo: toda a produção de hortaliças do programa será encaminhada para as famílias de baixa renda assistidas pelos Cras. Muitos dos adolescentes (e jovens) em cumprimento de medidas socioeducativas são oriundos dessas famílias. Entretanto, adolescentes de todas as classes sociais e estratos econômicos praticam atos infracionais (antes dos 18 anos) e cumprem essas penas (até 21 anos).

 

Em Unaí, atualmente, são 33 adolescentes e jovens prestando serviço no Viveiro Municipal para cumprimento de medida socioeducativa, a maioria com idades variando entre 16 e 21 anos. Mas há também pena alternativa sendo cumprida na Apae, Cepasa, Abrigo Frei Anselmo.

 

Quem define para onde o jovem será encaminhado é a equipe multidisciplinar do Centro de Referência Especializado de Assistência Social de Unaí (Creas), constituída por assistentes sociais, psicólogos, pedagoga e advogada. Os profissionais fazem uma "radiografia" da vida do jovem e da família, depois o Creas faz o encaminhamento para o local que mais se encaixa no perfil definido pelos profissionais. Antes, porém, o processo já terá passado pela Justiça e pelo Ministério Público.

 

MÃO DE OBRA E OPORTUNIDADE DE TRABALHO

 

Com a implantação da Horta Social, os adolescentes e jovens aprendem técnicas de produção da sementeira, de preparo da terra (dosagem de calcário e de esterco), formação de canteiros, profundidade de semeio, espaçamento entre culturas, irrigação, colheita, embalagem, distribuição das hortaliças para as famílias. E, depois, recebem um certificado relatando todo o aprendizado. Antes da implantação do programa Horta Social, o viveiro oferecia a esses jovens somente a produção de mudas de árvores para doações à população.

 

O ensinamento teórico e prático do Horta Social está a cargo do próprio diretor do Viveiro Municipal, Laércio Caixeta, que é agrônomo pós-graduado em agricultura orgânica. Ao supervisionar o trabalho dos jovens, Laércio intenciona estimular neles o gosto pela atividade. "Com certeza, alguns vão para a Escola Técnica Agrícola, outros para cursos universitários na área".

 

Outros, Laércio explica, podem usar o que aprenderem no viveiro para plantar em algum lote, pedaço de terra ou mesmo quintais atrás da casa, para consumo da família ou para ganhos econômicos. "Em um metro quadrado dá para plantar dez ou mais pés de alface. E ainda vender cada pé a dois, três reais", revela Laércio.

 

Para a secretária Cátia, Unaí é muito carente de mão de obra "capacitada" para produção de grama, mudas e jardinagem, e o programa pode estimular o gosto e a capacitação de alguns dos jovens para empreender nesse sentido. "Os viveiros particulares têm dificuldade em arranjar mão de obra para produzir mudas; é também muito difícil encontrar alguém para fazer uma poda particular, com técnica correta", avalia Cátia, observando que o Horta Social pode ser um primeiro passo no sentido de incentivar novas capacitações e oportunidades.

 

JOVENS INTEGRADOS

 

Dos mais de 400 jovens que já cumpriram pena alternativa no Viveiro Municipal ao longo dos últimos 4 anos e meio, apenas dois trouxeram problemas de convivência social, segundo Laércio. A maioria cumpre à risca o trabalho imposto pela Justiça e encaminhado pelo Creas Unaí.

 

"Aqui, no Viveiro Municipal, não tomamos conhecimento sobre quem fez o quê. Aqui, todos os adolescentes e jovens que chegam são tratados com o mesmo acolhimento, com a mesma cordialidade, são todos iguais. Entendemos que se chegaram até aqui é porque já passaram por todos os processos (Justiça, Ministério Público, Assistência Social, Creas) e estão preparados para a inserção social. Se os órgãos competentes disseram que estão aptos, nosso dever é acolher e oferecer oportunidades para esses jovens", comenta Cátia.

 

Até o comportamento de alguns jovens já começou a mudar (para melhor), depois da implantação da Horta Social. Laércio lembra de um adolescente que chegava às sete horas no viveiro, para ir embora às dez. Por volta das nove e meia já começava a enrolar, lavar as mãos, sinalizando que queria sair logo, que não aguentava mais. Este mesmo adolescente, hoje – depois da implantação do projeto – reclama que as horas de atividade estão passando muito rápido, que gostaria de ficar mais tempo no viveiro. "Alguns estão gostando da atividade. Já querem ficar mais", revela o diretor.

 

A Escola Agrícola de Unaí e as faculdades de ciências agrárias podem ser destino de muitos deles. Outros podem demandar o mercado de trabalho voltado para a atividade agrícola, paisagismo, jardinagem.

 

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