Uma parceria entre a CPFL Renováveis (que atua no mercado brasileiro de geração de energia elétrica), a Prefeitura de Unaí e a rede de assistência social do município deverá resultar em amplo programa para capacitação de profissionais da rede, com vistas à "formação socioeducativa" de adolescentes em situação de violência sexual e uso abusivo de álcool e outras drogas. Não haverá custo financeiro para o município. O primeiro passo para a formulação do programa "Gerações Futuras" é a realização de um amplo diagnóstico situacional, que deverá envolver a participação de toda a rede de assistência social voltada para o atendimento de crianças e adolescentes. Nessa terça-feira (14/2), os coordenadores do projeto (Instituto Aliança) se reuniram com profissionais que compõem a rede socioassistencial e entidades da sociedade civil unaiense que atuam no segmento, para apresentação das linhas gerais do programa.
A formação dos adolescentes inclui o desenvolvimento de competências socioeducativas e o empoderamento dos jovens, a partir da aquisição da consciência cidadã e do conhecimento dos direitos básicos para exercer sua cidadania de forma sustentável.
A CPFL Renováveis optou por desenvolver o "Gerações Futuras" em Unaí após levantamento sobre questões ambientais e sociais que necessitavam de enfrentamento no município. "Entre os vários temas analisados, vimos que a violência sexual contra crianças e adolescentes era um tema fundamental, prioritário para dar combate em Unaí. E vimos aí a oportunidade para termos um impacto positivo na vida da comunidade", explicou Rafael Ferreira, coordenador de projetos do programa Raízes da CPFL Renováveis, empresa dona da PCH Mata Velha, pequena usina hidrelétrica (que atua na produção e venda de energia) construída entre Unaí e Cabeceira Grande. "A CPFL Renováveis desenvolve projetos voltados para a comunidade no segmento socioambiental nas regiões onde possui negócios", salientou Rafael.
O projeto Gerações Futuras foi apresentado, em linhas gerais, aos gestores e técnicos da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social e Cidadania (Semdesc), Creas, Cras, Apae, Mão Amiga e Cepasa. A partir desta quarta-feira (15/2), todos participarão de reuniões de trabalho e responderão a questionário técnico para formulação de um amplo diagnóstico situacional da condição da criança e do adolescente em situação de violência sexual em Unaí.
Deverão ser ouvidos também o Juizado da Infância e Adolescência, o Ministério Público, os Conselhos Municipais, as Secretarias Municipais de Saúde, de Educação, de Cultura, de Esportes e Juventude e outras organizações que mantenham relação direta com o público infanto-juvenil.
"O programa Gerações Futuras está chegando num momento muito difícil para Unaí, em que parte de suas crianças e adolescentes estão submetidas a situações de abuso e exploração sexual, além do perigo oferecido pelo uso de álcool e outras drogas. Precisamos aproveitar ao máximo essa oportunidade que está sendo oferecida ao município", afirmou a secretária municipal de Desenvolvimento Social e Cidadania, Cláudia Maria de Oliveira, para quem "é necessário que cada ator unaiense que compõe a rede de proteção social conheça seu papel na hora de dar combate a esses problemas".
Execução
O Gerações Futuras será desenvolvido pelo Instituto Aliança (com sede em Salvador- Bahia), que possui experiência no segmento e já atua em mais de 400 municípios brasileiros. "Nossa expertise (especialidade) é a formulação de metodologias que possam instrumentalizar os profissionais do município para os procedimentos de enfrentamento aos problemas e para desenvolver a consciência de se trabalhar em rede, porque sozinhos não fazemos nada", disse a coordenadora da área de direitos humanos do instituto, socióloga Graça Gadelha, responsável por desenvolver o projeto em Unaí.
A socióloga afirmou que já fizeram um levantamento preliminar sobre a situação de violência sexual contra o público infanto-juvenil no município e chegaram à conclusão de que os indicadores são preocupantes. "Por isso, é importante esta nova gestão municipal trabalhar já sabendo como enfrentar essas situações", explicou ela, ladeada por Sandra Santos, psicóloga e consultora do Instituto Aliança.
Entre os indicadores a serem enfrentados, Graça Gadelha apontou a violência sexual, além do uso abusivo de álcool e drogas. Segundo a socióloga, "também estão postas, ainda que não explicitadas, situações de trabalho infantil". Para atacar problemas dessa natureza, segundo ela, é necessário que a rede de proteção da criança e do adolescente conheça seu papel, suas atribuições, e de forma intersetorizada e integrada possa contribuir para melhorar ou reduzir os impactos de violações dos direitos da criança e do adolescente.
O prazo de execução do programa (diagnóstico situacional, capacitação dos profissionais e formação dos adolescentes) é de 12 meses. Porém, para a coordenadora o mais importante é a construção da proposta (conjuntamente) e o engajamento dos profissionais da rede. "É importante que esses parceiros se sintam corresponsáveis pela sustentabilidade das ações depois que o projeto deixar de existir. Depois disso, esse trabalho precisa se transformar em uma política pública, um programa de ação contínuo", salientou.
As reuniões com cada entidade da rede socioassistencial e a construção do amplo diagnóstico da situação unaiense, que vai orientar as ações, começam a ser promovidas nesta quarta-feira (15/2).
A reunião foi feita no espaço do Centro Público de Promoção do Trabalho (CPPT) e contou
com participação de gestores e técnicos da Semdesc, dos Cras, do Creas, da Sesau...
... Da Associação Mão Amiga, do Cepasa e da Apae, entidades que fazem parte da rede
socioassistencial do município que lidam com crianças e adolescentes
Participantes da reunião de apresentação do projeto Gerações Futuras