1 ª capacitação para professores de apoio aos alunos com autismo e outros transtornos e deficiências

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Todas as escolas da rede municipal de ensino de Unaí (urbanas e rurais) já contam com professores de apoio da educação especializada, para efetuar o acompanhamento de alunos com deficiência intelectual, dificuldades de aprendizagem, transtornos de aprendizagem, transtorno do espectro autista, deficiência física, com comorbidades associadas ou não.


Nessa quarta-feira (6/4), os 120 professores de apoio (e as especialistas da educação municipal) passaram por uma capacitação promovida pela Secretaria Municipal de Educação (Semed) e conduzida pela neuropsicopedagoga Edivânia Mendes Teixeira, que é diretora da Escola Especial João da Neca, na Apae de Unaí, e tem 29 anos de experiência com educação especial.


De agora em diante, todas as salas de aulas das creches e do ensino fundamental (séries iniciais e finais) onde haja pelo menos um aluno com necessidades especiais terá um professor de apoio, para adaptar o conteúdo do ensino à realidade, à habilidade e à necessidade do aluno com deficiência.


A diretora pedagógica da Semed, Lidiane Beatriz da Siva Ribeiro, afirmou que a secretaria vai ofertar suporte para os professores de apoio durante todo o ano, para depois poder cobrar. "A gente não quer só alguém para levar o aluno especial no banheiro. Queremos a inclusão total do aluno, que ele possa aprender, compreender o conteúdo do que é ensinado".


Na véspera da capacitação para os professores, Edivânia Teixeira também bateu um papo com os pais (notadamente mães) de alunos com necessidades especiais educacionais que já estão sendo, ou serão, atendidos pela rede municipal de ensino. "Buscar tranquilizá-las sobre situações que lhes trazem angústias", assinalou.


Edivânia explicou que os pais recebem o diagnóstico sobre a situação dos filhos, mas não têm o conhecimento sobre o que são esses diagnósticos, sobre o que significam em termos práticos. "Nem todos os que receberam o diagnóstico tiveram esclarecimentos quanto à situação do filho".


E muitos pais e mães (especialmente mães) mantêm essa angústia e depositam uma esperança muito grande com o professor de apoio, segundo observa. "Então, a ideia foi colocar essa questão para eles: o que realmente causa, o que tem potencialidade, o que tem dificuldade, e trabalhar o máximo da autonomia dos filhos".


"MEU FILHO ESTÁ SENDO AVALIADO NA APAE E TENDO TODO O APOIO NA ESCOLA"


Luciene Pereira de Oliveira era uma das mães que ouviam atentamente as exposições da neuropsicopedagoga e participou ativamente do bate-papo, fazendo perguntas e enriquecendo a palestra. O assunto é particularmente caro a Luciene, já que ela é professora no Centro de Educação Infantil Branca de Neve (ou Creche do Mamoeiro), onde também estuda seu filho. "Mas em horários diferentes", ela antecipa, "para não haver interferência de um na atividade de outro".


O filho de Luciene está sendo avaliado na Apae com possível diagnóstico de transtorno do espectro autista (TEA), transtorno opositivo desafiador (TOD) e transtorno do déficit de atenção com hiperatividade (TDH). Para isso, o garoto é acompanhado por fonoaudiólogo, neurologista, psicólogo e terapeuta. O laudo final é dado por um médico. "Estamos aguardando esse fechamento do diagnóstico dele", ressalta Luciene.


No CEI Branca de Neve, o garoto frequenta sala regular e conta com professor de apoio, conquista comemorada pela professora/mãe Luciene. "A gente (principalmente os educadores) via essa necessidade do apoio, para nos ajudar com as crianças que têm alguma dificuldade. Isso faz uma grande diferença no desenvolvimento da criança".


NA CRECHE DO CIDADE NOVA, SÃO 6 ALUNOS ATENDIDOS POR PROFESSORES DE APOIO E 4 AGUARDANDO LAUDO


Diretora do CEI Onilda Chaves Pessoa (ou simplesmente Creche do Cidade Nova), Fabiani Januária Silva Mendes nos contou que a unidade já disponibiliza seis professores de apoio para o atendimento de seis crianças com diagnóstico fechado, a maioria autista.


Ela conta que outras quatro crianças aguardam laudo, situação que deve resultar na contratação de mais professores de apoio. Fabiani diz que na própria sala de aula os professores começam a identificar alguns sinais reveladores de dificuldades do desenvolvimento da criança. "A professora percebe que a criança não desenvolve como as outras. A gente conversa com a mãe, orienta a procurar um médico neurologista".


Quando um laudo chega à escola atestando que a criança tem necessidade de apoio educacional especial, a unidade aciona a Secretaria Municipal de Educação, responsável pela contratação e encaminhamento dos professores de apoio.


Mas não é só isso, segundo Fabiani. "Procuramos trabalhar dentro e fora da sala de aula, ou seja, adaptar o material didático à necessidade da criança, fazer ela se sentir bem. Temos de entender que às vezes a criança está custosa ali, porque não compreende bem o que está acontecendo".


A diretora da unidade também comemora a chegada dos professores de apoio como importante conquista para a educação municipal. "Vai diminuir as dificuldades, que eram grandes. E parece que a cada ano que passa aumenta o número de crianças com algum tipo de dificuldade de aprendizagem", avalia Fabiani.


Ao todo, são 250 alunos de 1 a 4 anos que frequentam o CEI do Cidade Nova, a maioria das crianças moradora do próprio bairro.


ALGUMAS CRIANÇAS ESTUDARÃO NA APAE


Edivânia Teixeira salienta, no entanto, que nem todas as crianças vão conseguir ter um desenvolvimento pedagógico no contexto de uma escola regular.


"Normalmente, os deficientes moderados, graves e profundos não conseguem se empenhar em suas atividades pedagógicas, mesmo com o professor de apoio". Será encaminhada para a Apae.


De acordo com a diretora da escola da Apae, o autismo é o transtorno mais comum diagnosticado em Unaí e região nos últimos anos. O caso de autismo já pode ser investigado a partir de um ano e meio ou dois anos de vida, para o médico fechar o diagnóstico. O diagnóstico de outras comorbidades associadas podem ser fechados mais tarde.


Os primeiros indícios do transtorno já podem surgir com alguns meses após o nascimento. O diagnóstico de deficiência intelectual, por sua vez, pode ser fechado a partir dos seis anos de idade (até os 18 anos).

 

DICAS PARA OS PAIS


Para as famílias, especialmente mães, a principal dica de Edivânia Teixeira é atuar no sentido de que os filhos com deficiência se tornem autônomos, independentes e funcionais. A especialista ressaltou que os pais não devem fazer as atividades pelos filhos, não infantilizá-los em relação às dificuldades, dar autonomia e independência a eles.


"Todo mundo aprende. Por mais comprometido que seja, aprende alguma coisa. A independência (comer, se banhar, se vestir) é necessária para todos nós", salientou a especialista.


Ela faz um alerta aos pais: "Pode contrariar a criança com necessidade especial sim. Ela precisa ter limites, ser organizada, obedecer às regras". Os pais não devem alimentar preconceitos ou negar o diagnóstico da criança. Pais e professores devem agir dentro da realidade, não adiantando fazer projeções irreais, fantasiosas ou inalcançáveis.


E dá uma dica preciosa: "Com o professor de apoio, nenhuma criança vai deixar de ser autista ou resolver totalmente uma deficiência intelectual. As intervenções vão amenizar as dificuldades, mas não vão acabar com as dificuldades. Se a criança tiver potencialidade, ela vai aprender".


PARA OS PROFESSORES DE APOIO


"Quem quer trabalhar na educação especial precisa gostar do que faz, ter sensibilidade, um olhar sensível, ter empatia (se colocar no lugar do outro), ter boa vontade e bom-senso", recomendou a palestrante. Na plateia, os professores de apoio e especialistas da educação municipal escutavam atentos.


Outra dica da especialista é estimular o aluno, acentuar traços daquilo que ele mais gosta e trabalhar com coisas concretas. "Assim ela aprenderá com mais facilidade". Para isso, adaptar o ensino à realidade do aluno, à sua habilidade e necessidade.


Respeitar a idade cronológica, as diferenças de cada um e o nível de aprendizagem, respeitando também as dificuldades inerentes a cada deficiência. Não infantilizar o aluno em razão de suas dificuldades e não fazer as atividades por ele. "O aluno não é bobo", garante Edivânia.


Ela também destaca que a criança não pode fazer o que quer. "O respeito, o limite, as regras devem ser iguais para todos. Ela tem de entender isso".


Da mesma forma que recomendou aos pais, fez aos professores: "a educação especial não é para vencer conteúdo, mas para desenvolver a autonomia e a independência dos alunos. Todo mundo aprende alguma coisa".


Antes de fechar a palestra, Edivânia pediu muita sintonia entre os professores (regente e de apoio) na sala de aula e respeito pelo sofrimento das mães (que não fizeram faculdade sobre o tema, mas sabem muito da história dos filhos).


"Façam diferença na vida dessas pessoas", conclamou aos presentes. "É gratificante quando vemos um aluno nosso formando numa faculdade. Se fizermos a diferença na vida de um aluno, isso não tem preço".


E as grandes diferenças podem começar com pequenos gestos, pequenos avanços. "O aluno chegou beliscando, não belisca mais. Chegou cuspindo, não cospe mais". É conquista. É avanço.

 

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